Todo torcedor do Mais Querido, sabe da importância do Mestre Telê Santana na história vitoriosa do clube.
O que quase ninguém sabe ou lembra, é como terminou a parceira mais vitoriosa do futebol na década de 90. Hoje completa-se dezoito anos da última vez que Telê sentou em um banco de reservas para comandar o São Paulo.
O ano era o de 1996, o Tricolor foi à Americana para enfrentar o Rio Branco pela primeira rodada do Campeonato Paulista, com uma temporada apagada no ano anterior, depois de tantos títulos conquistados no início da década e já sem a mesma força no elenco o time tentava se reafirmar dentro do campo.
A partida foi realizada no Estádio Décio Vitta, e ficou marcado pela péssima arbitragem de Francisco Dacildo Mourão. O soprador de apito marcou um pênalti inexistente contra o São Paulo aos 31 min. do primeiro tempo, a penalidade foi convertida por Marcos Assunção (ele mesmo).
Minutos depois o atacante são paulino Valdir Bigode entrou na área, foi derrubado pelo lateral Polaco, o árbitro mandou seguir.
Aos 37 min. escanteio para o Mais Querido, o atacante Guilherme cobrou e marcou um gol olímpico, a partida estava muito tensa pelos erros cometidos pelo árbitro, e como um sinal dos céus uma verdadeira tempestade caiu sobre o gramado.
O jogo ficou paralisado por meia hora, talvez os Deuses do futebol estivessem ali dando o aviso de que aquele jogo, um empate rotineiro de começo de campeonato seria a despedida de Telê dos gramados.
Alguns dias depois o treinador foi internado após sofrer uma isquemia cerebral, na partida seguinte diante do XV de Jaú o auxiliar Muricy assumia a responsabilidade de dirigir a equipe. Após a vitória por 3 a 0, comissão técnica e jogadores dedicaram o triunfo ao treinador, que mesmo internado não conseguia se afastar do trabalho.
Os meses que se seguiram foram de muitas dúvidas entre a torcida, imprensa e dentro do próprio clube, Telê tinha contrato até Julho, mas a família do técnico não o queria mais a beira do campo. Os médicos não o liberavam para voltar ao trabalho, até que em Março o São Paulo deu ao treinador licença por tempo indeterminado, ao mesmo tempo promoveu Muricy Ramalho a técnico da equipe.
Mestre e discípulo
Telê tinha planos de retornar, a diretoria falava em um cargo dentro do futebol, mas que não exigisse tanto do treinador, no entanto o multi campeão enfrentava resistência dos familiares que não aprovavam. Em junho com a saída de Muricy e a contratação de Parreira acabavam de vez com o "Fio de Esperança" do torcedor de ver o mestre novamente no banco de reservas.
Muito se fala até hoje do homem que chegou ao clube para substituir Forlán no comando da equipe, mais do que os dez títulos conquistados o torcedor gostava mesmo era do estilo futebol arte que o treinador sempre pregou.
Gostava das folclóricas histórias que de vez em quando vazavam na imprensa, do jeito mau-humorado e paizão que era característico.
O são paulino respeitava o homem que abriu mão de morar em flat, hotel, mansão para ficar em um quartinho no CT da Barra Funda, do treinador que acordava cedo para caminhar pelo gramado observando cada detalhe e até arrancando erva daninha do gramado.
Até hoje em momentos de conquistas, o nome do Mestre Telê Santana é gritado a plenos pulmões pelas arquibancadas, confesso que quando isso acontece a emoção vem a tona. É lembrar de tudo que ele fez pelo Tricolor, é saber do valor e da humildade que ele sempre demonstrou, o homem sucumbe a alma não por isso Telê é Eterno.
"Atingir a perfeição é impossível. Mas aproximar-se cada vez mais dela, não."
(Telê Santana)
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