Depois de encarar o pior ano da história, o torcedor do Mais querido ainda se vê apreensivo. Com 2014 já batendo a porta, não temos ideia de que São Paulo veremos em campo na próxima temporada.
Para preocupar ainda mais, as notícias veiculadas são de saída de jogadores. De certo modo nada que me surpreenda, uma vez que passei o ano todo batendo na diretoria e no Usurpador Juvêncio.
Ouvir dos diretores que a base do time está montada foi o que me deixou de cabelo em pé, como assim base? Como assim montada?
As eleições que se seguirão, apontam para a manutenção do poder na mão deste mesmo grupo que hoje dorme tranquilo, com a sensação de dever cumprido pelo time ter escapado do rebaixamento. O São Paulo não pode viver essa rotina, mas pelo que vejo tudo caminha nessa direção.
Muito diferente do São Paulo de gestões anteriores, por uma coincidência nesta mesma data à 20 anos o presidente José Eduardo Mesquita Pimenta, corria atrás de reforços para o time que iria disputar no primeiro semestre de 94 o Paulista e a Taça Libertadores da América.
Foto Folha de S. Paulo
O primeiro reforço foi ninguém menos do que o zagueiro Raimundo Ferreira Ramos Júnior, por esse nome ninguém deve conhecer, mas trata-se de Junior Baiano. Então com 23 anos o jogador revelação do Flamengo, foi adquirido junto ao time carioca pela módica quantia de US$ 400 mil dólares, já com passagens pela seleção, Junior como gostava de se chamado teve o Baiano acrescentado ao nome nos tempos de Gávea, já que o meia Junior (bigode) também atuava pelo clube.
O zagueiro tinha sido uma indicação direta do Mestre Telê Santana que o promoveu e o treinou no Flamengo em 1989 (sim, Telê já treinou o Flamengo).
Na negociação o Tricolor além do valor pago cedeu o passe do lateral-esquerdo Marcos Adriano que valia US$ 200 mil dólares.
O Mais Querido vinha de muitas conquistas internacionais, e estava perdendo parte do elenco bi-campeão mundial, Ronaldão era um dos que estava de saída para o Shimizu S-Pulses do Japão, Muller e Cafú estavam com os contratos vencendo no dia 31 de Dezembro daquele ano (1993).
Junior Baiano chegou ao clube com uma grande desconfiança por parte da torcida, apesar de ter uma boa técnica, o zagueiro era conhecido pelas encrencas que arrumava dentro do campo, era conhecido como “o Rei dos Carrinho”, e na gíria do futebol não amaciava para ninguém e batina até na própria sombra. Como esquecer a cotovelada desferida contra Gilmar na Libertadores de 93 quando ainda atuava pelo Flamengo, ou da célebre confusão que o zagueiro arrumou após a expulsão do seu companheiro de zaga Rogério Pinheiro (bate na madeira) no clássico contra o Small pelo paulista, onde afirmou que o árbitro Oscar Roberto Godói estava bêbado, afirmação que rendeu até processo do ex-árbitro.
Foto do famosos momento Gódoi bebeu/ Esporte Uol
Telê Santana era quem mais se irritava com os dribles aplicados na entrada da área, Junior tinha esse hábito que por muitas vezes deixava o mestre louco.
O Jogador ficou no Tricolor apenas uma temporada, conquistando a Recopa Sul-americana de 1994, marcou a torcida pelo fato de chegar junto e acabar com qualquer firula que um jogador adversário sonhasse realizar. Com o manto atuou 99 vezes e marcou onze gols.
Talvez falte hoje um jogador com esse perfil, assim como Lugano, Ronaldão, e outros que impõe respeito aos atacantes adversários, mas pelo andar da carruagem de Juvêncio não teremos alguém, quanto mais nesse estilo. Mais do que resgatar um fato da história do Mais querido, essa matéria também realça um saudade de um tempo em que a diretoria do nosso clube era dinâmica e mesmo quando errava o fazia pela ação.