Hoje faz 50 anos que o São Paulo conquistou o Troféu Marcos Pérez Jiménez (Pequena Taça do Mundo) de 1963. O torneio que teve sua primeira edição em 1952, e a última em 1975, foi criado por algumas empresas venezuelanas. E dele participavam clubes que estivessem entre o 1º e o 4º lugar em suas ligas nacionais, sempre disputado em solo venezuelano.
A competição tinha árbitros FIFA, mas nunca foi encarada como um mundial de clubes, no Brasil era chamado de Torneio de Caracas ou Torneio Quadrangular de Caracas, o São Paulo já havia sido campeão da competição em 55.
Em 63, alem do Tricolor foram convidados mais dois clubes, um a menos do que o normal, devido a outros torneios simultâneos, entre eles o Intercontinental, sendo assim Real Madri (Espanha) e Porto (Portugal) entraram na disputa.
O primeiro jogo do torneio foi entre Real Madri e Porto, realizado no dia 10 de Outubro, os espanhóis venceram por 2 a 1. No dia 18, o São Paulo fez sua estreia frente aos portugueses, e venceu por 2 a 1, os gols do Mais Querido foram marcados por Cecílio Martínez e Pagão.
Um Jogo de Tensão.
Na segunda rodada, no dia 23, o Tricolor encarou o Real Madrid de Puskas, Di Stefano e Evaristo de Macedo, o grande campeão espanhol era um dos times mais temidos do futebol mundial, mas o São Paulo não se importou com o rótulo, venceu por 2 a 1, com gols de Pachin (Contra) e Faustino.
São Paulo: Suly; Deleu, Bellini, Jurandir, Díaz, Ilzo (Heriberto), Faustino, Martínez (Pagão), Leal, Benê e Sabino. Técnico: Osvaldo Brandão
Real Madrid: Araquistain; Isidro, Santamaría, Casado; Muller, Pachín; Amancio, F. Ruiz, Evaristo, Puskas, Gento. Técnico: Miguel Muñoz.
Essa partida foi cercada de tensão, pela manhã Di Estefano craque argentino do Real, foi sequestrado, a Força Armada da Libertação Nacional venezuelana (FALN), foi ao hotel onde a delegação do time madrileño estava hospedada, disfarçados de policias foram ao quarto do jogador e o levaram.
A Venezuela, assim como quase toda América Latina, vivia sob uma ditadura militar, os rebeldes queriam chamar atenção do mundo para o que acontecia no país. Di Estefano ficou em poder dos sequestradores por 56 horas, até ser deixado em frente à embaixada Espanhola, por esse motivo óbvio não enfrentou o São Paulo.
Imagem: Folha de São Paulo
Já no intervalo do jogo, realizado no Estádio Universitário em Caracas, foram disparados tiros de um prédio vizinho ao estádio em direção aos torcedores. Alguns invadiram o campo para tentar fugir dos disparos, a partida demorou mais de vinte minutos para ser reiniciada, mas mesmo assim foi terminada.
Mesmo com todas as ocorrências a competição seguiu, e no dia 25 o Real Madrid entrou em campo e derrotou novamente o Porto por 2 a 1. Encerrando a segunda rodada.
Rodada Final
No dia 28, São Paulo e Real Madrid, voltaram ao mesmo estádio, o jogo definiria o campeão, os dois times tinham quatro pontos, mas dessa vez Di Estefano entrou em campo.
A partida terminou empatada em 0 a 0, como o critério para definir o campeão era primeiro, maior número de pontos e os dois continuavam empatados, foi usado o segundo critério, confronto direto. Com a vitória no jogo anterior, o Tricolor foi declarado campeão, sem a necessidade de enfrentar a equipe do Porto.
Em decorrência de todos os acontecimentos da competição naquela edição, o torneio ficou sem acontecer até 1975, quando aconteceu a última edição.
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