sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O Diamante Negro




A saga de um verdadeiro camisa 9.

Hoje se estivesse vivo, Leônidas da Silva completaria 100 anos, ontem no Morumbi, o time fez uma "homenagem" ao ídolo  mas a nova geração de torcedores, pouco ou nada sabem sobre o homem borracha. Leônidas, é conhecido por popularizar o gol de bicicleta, embora lhe seja atribuída a invenção do lance, ele mesmo negou quando perguntado sobre o assunto.
Historicamente o lance é atribuído ao jogador Unzaga. Nascido na Espanha, viveu no Chile desde os 12 anos de idade e se naturalizou quando virou jogador profissional. Em 1914, atuando por seu time, o modestíssimo Club Atlético de Talcahuano, ele arrancou aplausos até da torcida adversária ao executar pela primeira vez a bicicleta. Na Copa América de 1920, já como integrante da seleção nacional do Chile, Unzaga marcaria um gol contra os argentinos usando o  lance. A imprensa esportiva, encantada com a plasticidade da jogada, apelidou-a de "chilena". Como é chamada até hoje em todos os países de língua espanhola a bicicleta. Mas o grande atacante não representa apenas isso, sua história é muito maior no futebol.
Leônidas nasceu no Rio de Janeiro, em São Cristóvão, e no time do bairro iniciou sua vida no esporte. Jogou por diversos clubes. Sírio Libanês  Bonsucesso, Vasco da Gama, Botafogo, Flamengo, em 1933 foi para o Uruguai defender o Peñarol.
Ele foi sem sombra de dúvidas, um dos maiores atacantes da história do futebol brasileiro, nos seus 21 anos de carreira fez 522 gols, em 579 jogos, com uma média de 0,9 gols por partida.
Foi o artilheiro da Copa da França em 1938, marcando 7 dos 12 gols da seleção na copa, pelo futebol apresentado encantou o jornalista francês Raymond Thourmagem da revista Paris Match, que o apelidou de "o homem borracha".

“Esse homem de borracha, na terra ou no ar, possui o dom diabólico de controlar a bola em qualquer lugar, desferindo chutes violentos quando menos se espera. Quando Leônidas faz um gol, pensa-se estar sonhando”.




É atribuído também ao jornalista, a invenção do apelido mais famoso do jogador, Diamante Negro, mas ao certo ninguém sabe.
O apelido pegou, e em 1939 a Lacta, lançou em homenagem ao artilheiro o chocolate Diamante Negro, existem controvérsias sobre o valor pago pela fábrica ao jogador pelo uso da alcunha.
Com toda essa bagagem, foi contratado pelo Tricolor em Abril 1942, Roberto Gomes Pedroza diretor do São Paulo, foi ao Rio de Janeiro e por 200 contos de réis, algo em torno de R$160 mil reais em valores atuais, uma verdadeira fortuna para o futebol da época, o tirou do Flamengo. Foi a maior transação do futebol brasileiro por muito tempo.
Saiu do Rio de trem, em uma plataforma vazia, sem despedidas, mas foi recebido por mais de 10 mil são-paulinos, que o carregaram nos braços da estação da Luz, até a antiga sede do clube, na rua Dom José de Barros-Centro.
O craque chegou ao Tricolor já com 30 anos, o que gerou gozação dos "jornalistas" rivais que o apelidaram de bonde, diziam eles: "Ultrapassado, pesado e velho".

Leônidas chega a São Paulo

Leônidas estreou pelo Tricolor em 25 de maio de 1942, contra o time da marginal, 71.280 pessoas foram ao Pacaembu, recorde de publico do estádio até hoje.
Sua contratação foi a afirmação do Tricolor como clube grande, com sua chegada o Mais Querido conquistou 5 títulos paulistas, em 1943, 1945, 1946, 1948 e 1949, ele também é o 8° maior artilheiro do clube com, 144 gols em 211 jogos.
O primeiro gol de bicicleta pelo São Paulo, aconteceu no dia 14 de Junho de 42, na derrota para o Palestra Itália, no Pacaembu pelo Campeonato Paulista.

Gol de bicicleta contra o Palestra



Leônidas encerrou sua carreira em 1950, mas não saiu do mundo do futebol, se tornou treinador e comandou o Tricolor do banco em 1950,


1951, 1954 e 1955, como técnico tem 73 jogos, 37 vitórias, 17 empates e 19 derrotas.

Leônidas ainda foi um rígido e premiado comentarista esportivo, deixando a carreira de cronista em decorrência do Mal de Alzheimer em 1974. Quando adoeceu muito seu tratamento foi todo custeado pelo São Paulo FC, até falecer por causa de complicações relacionadas à doença em 24 de janeiro de 2004.
O Diamante Negro foi eternizado pelo gol de bicicleta, mas foi muito mais que isso, foi o maior artilheiro de sua época, foi ídolo, foi arte. Ele foi o próprio futebol.

"Entre Pelé e Leônidas existe uma diferença, a mídia eletrônica".
José Poy


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