terça-feira, 3 de setembro de 2013

Tanque de guerra Tricolor



Gino Orlando nasceu em São Paulo, em 3 de Setembro de 1929, começou a jogar futebol  em times amadores até entrar para o plantel da A.A Matarazzo.
Descoberto por olheiros foi levado à base do time da Pompéia em 1947, embora tenha ficado por lá até 1951, Gino só atuou quatro vezes oficialmente com a camisa verde, não chegou a marcar nenhum gol.
Depois de ser pouco aproveitado, foi sondado pelo XV de Jaú, e sem pensar muito trocou a capital pelo interior. Jogando com mais liberdade e menos pressão, seu futebol começou a evoluir, e foi a vez do Comercial de São Paulo se interessar pelo atacante.
Jogando ao lado de Dino Sani (que curiosamente passou pelos mesmos clubes de Gino) participou de uma das melhores equipes que o extinto clube da capital já teve, até que em 1952 o Mais Querido o contratou.
Logo em 53, foi campeão paulista, não era fácil para Gino jogar no ataque do Tricolor e ter que substituir Leônidas que tinha se aposentado em 1950.
Com um estilo trombador, fazia o gol da forma que desse, de bico, de canela, para ele feio era não converter o tento, suas atuações e seus gols foram aumentando, até que em 1956 foi convocado pra a seleção, chegou a marcar um gol de bicicleta contra Portugal.
O jogo aconteceu em 8 de Abril de 1956, o Brasil venceu a partida por 1 a 0, e até então os lusitanos nunca tinham visto a jogada, ficaram impressionado com o primeiro gol do estilo, marcado por um jogador de além mar.


Gino a direita, com a seleção



Titulo de 57, uma “tijolada” literal.

O segundo título de Gino foi o Paulista de 1957, embora o Tricolor tenha feito um começo de campeonato claudicante, conseguiu se recuperar na segunda fase, no jogo contra o time de Parque São Jorge, aconteceu um lance que marcou o campeonato. A partida era pela primeira fase, jogando no Pacaembu a peleja terminou empatada em 1 a 1, só que aos 23 minutos do segundo tempo, o ponta direito do Tricolor Maurinho calçou o lateral adversário Alfredo Polvo (havia sido contratado recentemente junto ao próprio São Paulo), a entrada acabou lesionando seriamente Alfredo, que fraturou a perna.
Começou então uma discussão acalorada entre Gino e Luizinho, que eram amigos, o bate boca parecia que tinha terminado ali mesmo dentro de campo, mas no dia seguinte Gino e  Luizinho tiveram a mesma ideia, e foram a casa de Alfredo visita-lo, Gino era grandalhão, tanto que tinha o apelido de tanque de guerra, e Luizinho como o próprio diminutivo supõe, não tinha chance de encara-lo numa briga, ao avistar o “tanque de guerra” saindo da residência, o “pequeno polegar” como era conhecido atirou um tijolo na testa de Gino, que sofreu um corte profundo, por incrível que pareça os dois voltaram a ser amigos. Manoel de Nóbrega que a época fazia um programa esportivo promoveu a paz entre os dois.
Os dois times voltaram a se enfrentar novamente e com a vitória de 3 a 1, o São Paulo ficou com o caneco, essa partida ficou conhecida como “a tarde das garrafadas”, mas isso é uma história para outro dia.

Gino com atadura pela tijolada que recebeu


Gino Orlando é o segundo maior artilheiro da história do clube, vestindo a nove, marcou 233 gols em 453 jogos, são 254 vitórias, 96 empates e 103 derrotas.
O atacante também está na lista dos que mais vestiram o manto, é o 11º na lista, tendo jogado de 52 a 62, esteve também na inauguração do Sacrossanto em 60, e foi o primeiro a acertar a trave.
O artilheiro deixou o São Paulo no fim de 1962, para defender a Portuguesa, em 64 se transferiu para o Juventus onde se aposentou em 66. Gino nunca escondeu seu fanatismo pelo Mais Querido, tanto que em 1969 foi escolhido para ser “prefeito” do Morumbi, cargo que ocupou até seu falecimento em 24 de Abril de 2003.
Gino Orlando conhecia o Sacrossanto como ninguém, quem o conheceu o rotulava como um homem modesto, educado e humilde, nem parecia sentir, ou saber da dimensão de ídolo que tinha.
E com uma de suas frases de humildade encerro esse texto:

“Quem tinha Maurinho na direito e Canhoteiro na esquerda, não poderia mesmo desperdiçar tantas chances criadas para marcar.”

Gino Orlando foi administrador do Sacrossanto até a morte em 2003 






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